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rede: indisponível: não identificado

Carlos Alves

14.02.2024


A Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) é um projecto importante, foi lançado, já congrega um grande número de equipamentos por todo o país. Tem uma existência, isso é um facto. Os artistas portugueses e a trabalhar em Portugal talvez não sintam o impacto de haver uma RTCP; ela não lhes está a servir para chegar a mais público, a circulação nacional de espectáculos continua difícil, a aposta em novos/as autores/as é excepcional e não regra, os co-produtores ainda são os co-produtores de quando não existia RTCP. É um projecto importante, foi lançado, mas os efeitos não se sentem. E em relação ao público? Aumentou nos equipamentos que já integram a rede? É-lhe proposto, ao público, uma programação diferenciadora daquela a que estava habituado? O que é que o público sente e sabe desta rede?


O site da RTCP é óptimo, apresenta informações sobre todos os equipamentos, é fácil perceber as regiões que têm mais, quais é que têm, é um bom sítio para olhar para este projecto. No entanto, um bom site não faz a comunicação toda e a comunicação está em falta nesta rede, em particular em muitos dos equipamentos que a compõem. A falta de comunicação, já se sabe, não cria público e mantém os artistas afastados.


Há muitos bons exemplos na RTCP mas há outros que são de bradar aos céus. Falo de equipamentos culturais cujo único site apresentado é o site do município e, no site do município, existe uma descrição histórica e física do equipamento igual à que aparece no site da RTCP (pescadinha de rabo na boca, informação zero). Há pelo menos um caso, que eu vi, em que o link para o suposto site do equipamento remete para a página do próprio no mesmo site da RTCP. Em muitos casos é impossível perceber quem é o responsável pela programação do teatro ou auditório. Não era suposto a RTCP ter equipas de programação? Noutros casos, a equipa está apresentada mas não deseja ser contactada. Qual é o problema de um/a director/a artístico/a ter público o seu mail institucional? Como é que se fala com ele/ela? Como é que se desenha uma programação sem estar em contacto?


O ambiente das artes performativas em Portugal é demasiado vivo para esta inoperacionalidade. Salvam-se os bons exemplos, numa rede como esta, não devia haver sequer maus. Desperdiça-se muita oferta cultural quando os contactos estão inacessíveis. As linhas directas entre programadores e criadores são absolutamente necessárias (entre os programadores e os criadores todos!). As mensagens que as companhias, os colectivos, os autores individuais enviam não são spam nem telemarketing, são propostas sérias que merecem reflexão, discussão, trabalho conjunto. Façam o favor de levar isto a sério!, é o meu apelo. Que seja possível que a RTCP se mantenha, evolua, crie públicos, promova a criação e a diversidade. Mas isso não acontece por magia. Acontece com empenho e interesse. E, afinal, um mail no site. 

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